terça-feira, 27 de abril de 2010

mirror

Estávamos a meio da aula de Biologia, altura em que a voz do professor soa como uma música de embalar nos meus ouvidos, quando me chegou isto às mãos, em forma de bilhete:

"Aprendi a sobreviver na tua ausência... A ânsia que tomava conta de mim quando desaparecias, também ela desapareceu contigo, e o medo de te perder, evaporou assim como qualquer sentimento do amor que por ti sentia... Não, já não te amo, já deixei de te amar e deixei de ver a pessoa que queria que tu fosses. Deixei de me agarrar tão fortemente à ideia que tinha de ti e que derreteu tão facilmente nos meus braços depois do que proferiste!
Aprendi a sobreviver na tua ausência... Porque eram tantas as vezes em que estavas ausente, aliás, acho que nunca chegaste a estar presente, mesmo de todas as vezes que estavas perante mim eu sabia que não estavas comigo, estavas com ela, com a outra...
Aprendi a sobreviver na tua ausência.... E não só sobreviver, aprendi finalmente a viver! Já não estou na tua sombra nem sou o teu reflexo, se alguma vez o fui...
A verdade é que deixei de estar apaixonada por ti há muito tempo, mas só agora é que deixei de te amar, porque nunca vou amar alguém que me diga tudo o que me dizias, que me tratava da maneira que tu me tratavas.
Acabou! Acabou finalmente e não quero ser tua amiga, aliás, ficaria perfeitamente e completamente satisfeita se nunca mais te visse, porque para mim tu desapareceste.Toda a pessoa que eras desapareceu e não podendo ver alguém que se pareça contigo e que não és tu, ainda sonho com o outro "tu" e ainda amo o outro "tu", e saber que ele desapareceu é o que dói mais..."
Eve

Senti-me estranha quando acabei de ler e percebi que ela se tinha inspirado na minha própria história para escrever aquele pedaço de papel, que o tinha feito como se estivesse na minha pele. É uma coisa difícil de explicar esta, lermos algo que não nos pertence e sabermos de imediato que somos as personagens principais da carta que outro alguém compôs, ainda que não outro alguém qualquer. Senti uma espécie de picada no peito, dolorosa e ao mesmo tempo, de alívio, talvez - ultrapassa-me e não sou capaz de o transpor para palavras, de qualquer das formas, este sempre foi um assunto delicado e ainda hoje me custa fazê-lo.
Acima de tudo, é uma sensação incomum. Para além de ver os meus próprios sentimentos e a experiência que vivi numa outra caligrafia que não a minha, vejo agora como sou transparente - pelo menos com os meus melhores amigos. É bom, sentir o quão bem me conheces, ao ponto de transmitires o que me vai no coração tão bem. Dá até a sensação de que eu própria o poderia ter escrito há algum tempo atrás.
Tenho de repetir e acrescentar: gosto que me conheças tão bem; afinal, vocês são a minha casa, o meu espelho. Obrigada Eve, pelo texto que, by the way, está lindo.

2 comentários:

Daniela disse...

estarei sempre aqui para ti, nunca te esqueças disso ;)

Xellaa disse...

desculpem mas digo te uma coisa no inicio quando comecei a ler o texto pensei que fosses tu a escrever.....
depois vi escrito Eve e pensei que tivesses a dizer k foi ela que escreveu o texto a baixo, mas depois li e compreendi o que se passou....e agora digo te uma coisa Sam tens muita sorte por teres amigos que te conhecem tão bem, quem me dera ter essa sorte assim escusava de estar sempre a falar dos meus problemas, ate porque é por isso que ja nao menciono a ninguém deles....