Estava tudo bem. Continua a estar tudo bem. Foi só agora que senti isto: uma picada no coração quando de repente, a meio de um exercício de física, me vieste atrapalhar o pensamento. Já não me acontecia desde há bastante tempo, longínquo e tu bem sabes; ou melhor, não sabes, no tempo em que andava extasiada contigo: no tempo em que não te conhecia e quase te perseguia sem dares por isso, no tempo em que precisava de uma distracção para esquecer o outro. Nunca o cheguei a esquecer, mesmo quando as minhas estouvadas fantasias contigo se tornaram realidade: pior, foram o suficiente para me provar que tinhas sido apenas isso, uma distracção. Mas sabes...? Gosto da forma como nos tornámos amigos; gosto da forma como agora me cumprimentas quando passas por mim; gosto da forma como te preocupas e te ris comigo.
Sabes...? Gosto de ti. Não da mesma forma tonta e precipitada do início, mas de forma cuidada, anormal; simples, leve. Agora atrapalhas-me o pensamento, chegas a magoar-me só de seres tão ambíguo e ao mesmo tempo previsível. E é estranho porque me sinto desconfortável quando de repente me apercebo de que estou a pensar em ti: assim sem mais nem menos, sem quando nem porquê, só. Quando de repente me rio sozinha ao relembrar-me de uma piada que tenhas dito e que na altura não percebi. Quando me acontece alguma coisa e me apetece ir a correr contar-te, como quis partilhar contigo a minha tamanha felicidade pelo John vir cá; que tu não percebes e eu não me importo. E concluo que realmente me sinto bem ao teu lado, como quando me deito simplesmente com os phones serenos nos ouvidos no sofá, de luzes apagadas e cortinas fechadas, enquanto o resto da casa se encontra num perfeito e harmonioso silêncio, pacífico; se é que isto tem sequer potencial para ser uma espécie de analogia.
É diferente, percebes? A picada que sentia antes de te conhecer, e a picada que sinto agora que somos tão chegados. É diferente e eu não consigo compreender: aliás, acho que não quero compreender. A verdade é que não o sinto sempre, aparece inesperadamente, em alturas completamente desapropriadas; outras vezes espero e não vem, e então penso que não é nada, não é nada. Tenho medo. Isto tudo assusta-me e acho que continua a ser doloroso para mim passar disto, gostar mais; porque já gostei mais uma vez e agora dói; porque não quero perder isto que construímos e porque tenho medo.
Apesar de tudo, e agora não porque tenha medo, gosto do que tenho contigo e só preciso que continues assim: a amparar-me.
1 comentário:
Eeeei =O. Sem as precipitações de sempre é possível usufruires dos momentos, esquecer os medos e libertares o teu coração. Aos poucos estás a conseguir isso.
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